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[ Conto ] Tristes olhos verdes. ( Parte 2 )

Voltei com mais um copo de chocolate-mais-do-que-quente e entreguei-a a Miles novamente. Ele tomou um gole e tomou fôlego, começando finalmente a estória que eu ansiava ouvir.

- Tudo começou há uns meses atrás. Conheci Vicky na festa de Charlie, o capitão do time de futebol. Sei que vai parecer clichê e você pode não acreditar nessas baboseiras idiotas de amor à primeira vista, mas acho que foi meio isso que aconteceu. Quando vi Vicky dançando, e apesar de nunca ter visto muitas garotas em muitas festas ( já que eu não conheço muitas garotas e também não vou a muitas festas ), achei ela a garota mais espetacular do mundo. Os cabelos loiros caíam em castata pelos ombros e o sorriso. Ah, o sorriso era o mais lindo e branco e esplendoroso que eu já tinha visto. - Ele dizia isso com tanta admiração que eu sabia no que isso ia dar. Apesar dos primeiros suspiros de paixão, o amor tende a nos deixar sem ar no fim das contas. - Ela parecia incrível. E eu acho esse lance de parecer uma puta idiotice. Sempre falamos que alguém "parece" isso, alguém "parece" aquilo, e quando vamos ver quebramos a cara. Então parece que o verbo "parecer" é uma droga.

Ri com aquela tese e todo o ódio com a palavra "parecer", mas acabei concordando.

- Enfim, tomei coragem e comecei a falar com ela. Passamos a nos falar periodicamente no Facebook à noite. E eu achava isso o máximo, mas quando eu disse para nos encontrarmos na escola de verdade, ela recuou. Disse que era melhor não, pois ia destruir a "magia dos nossos encontros online". Mesmo sem querer muito, aceitei mas resolvi fazer uma surpresinha pra ela. Apareceria perto dela no colégio e diria tudo o que tinha sentido nesses meses que passamos conversando. Comprei as flores e fui, decidido a contar tudo. Mas, ao invés do beijo e um " Eu também te amo. ", recebi uma traição. A verdade era que Vicky não queria que fôssemos vistos juntos porque estava na verdade junto com Charlie. E eu poderia me enganar e dizer que aquilo não tinha acontecido. Mas eu VI. Eu vi, Ashley. Eu...

Corri e acabei não me contendo. Abracei-o fortemente. As lágrimas dele caíam em meu casaco e eu nem ligava. Eu só queria tirar um pouco da tristeza que ele vinha trazendo. A chuva continuava a cair lá fora, enquanto ele soluçava e eu o apertava mais ainda, tentando sufocar a dor dele. Daí lembrei de Kyle e das porcarias que ele tinha feito. E comecei a chorar também. O que era uma droga pois eu estava tentando consolá-lo mas eu também precisava de consolo. Liguei o "foda-se" e o abracei mais, e ele fez o mesmo. Apesar de sermos praticamente desconhecidos, uma coisa nos unia. A dor. E isso era uma droga.

Depois de um tempo chorando e apenas se abraçando, nos desvenciliamos. Os rostos vermelhos de tanto chorar e as camisas molhadas de lágrimas. Mas isso foi estranhamente bom.

- Acho - Ele disse - Que devíamos ter um ACP.

Franzi a testa e o olhei, intrigada.

- ACP? E o que seria isso?

- Alerta de coração partido. Sabe, pra evitar as dores e talz.

Achei engraçado e pela primeira vez há alguns meses eu ri verdadeiramente.

- Não temos o ACP. Mas temos o CPCP.

Agora foi a vez dele de franzir a testa. Inclinou a cabeça e ficou me olhando, esperando minha explicação.

- Consolador Pós Coração Perdido. E acho que você é o meu e eu sou o seu CPCP.

Ele começou a rir. Tanto que deixou a cabeça tombar pra trás e colocou a mão na barriga. Depois de o que me pareceu a eternidade, ele olhou pra mim, seriamente. Se aproximou e tirou a caneca de chocolate quente de minha mão. Olhou bem fundo nos meus olhos.

- Então eu sou muito sortudo por ter uma CPCP tão linda.

E pela primeira vez vi alegria naqueles olhos verdes.

[ Conto ] Tristes olhos verdes. ( Parte 1 )

Era uma tarde de sábado. Tudo estava ligeiramente tedioso e quando digo ligeiramente tedioso, digo MUITO tedioso. Estava um pouco frio, o que era estranho nessa época e eu estava zapeando pelos canais idiotas da TV. Propagandas, novelas sem um pingo de realidade, mídia sensacionalista, mais propagandas e um pseudo programa de comédia. Suspirei. Olhei pro meu celular pela milésima vez no mesmo dia, procurando uma mensagem de Kyle. Infelizmente, nada.
Percebi o quanto o odiava, não por causa das idiotices ou burradas ( que foram muitas, aliás ) mas porque percebi que enquanto gastava meu tempo considerando-o meu plano A, ele me jogava pra escanteio. Eu era só o plano B. E ele nem imaginava o quanto isso machucava. Apesar da minha vontade de esquecê-lo e dos meus esforços constantes pra isso, a ideia de esquecimento parecia não ser aceita pelo meu coração.

" Download de esquecimento de Kyle... >> 89% ... 90% ... 99% ... Desculpe, mas não podemos continuar. Download falhou e você, continue com o coração partido. "

Estava absorta em meio de meus pensamentos nada silenciosos quando percebi que uma chuva forte começou a cair. Corri para fechar a janela mas antes de fazê-lo percebi um garoto lá fora. Parecia da minha idade, talvez um ano mais velho. Usava óculos grandes e se abraçava para proteger o corpo do frio repentino e da chuva. Fiquei com pena e uma vontade grande de trazê-lo para cá. Mas sempre escutei meus pais dizendo : " Nada de abrir portas pra estranhos, nem que eles sejam fofos e estejam com frio. " Mentira, essa última parte eles não disseram mas você entendeu.

Apesar do frio e da água que entrava da janela, eu não conseguia fechá-la. Observei o garoto uma última vez e um ímpeto me fez gritar. Tapei a boca mas já era tarde demais. Ele olhou para trás, totalmente perdido. Nossos olhares se cruzaram e eu cocei a nuca.

- Não quer vir aqui? - Gritei.

- Está falando comigo? - Perguntou ele, ainda tentando se aquecer.

Corri pra porta e o chamei. Ele ficou meio receoso, mas veio correndo. Quando entrou, percebi que segurava algumas flores. Olhei pra elas e ele olhou pro chão, envergonhado.

- Tudo bem... - Eu disse, fechando a porta. - Antes de mais nada, como é seu nome?

Ele  tirou os óculos, muito molhados e percebi que seus olhos eram verdes. Os cabelos estavam bagunçados e um sorriso brotou em seus lábios.

- Miles. Prazer. - Ele disse, estendendo a mão pra mim.

Sorri e peguei sua mão. Fria e quase congelando. Percebi que ele tremia. Me xinguei por não ter percebido isso antes e corri para pegar uma toalha pra ele. Ele a pegou, tímido e colocou em volta do corpo.

- Não me disse qual é o seu nome ainda.

- Ah, desculpe. Meu nome é Ashley.

Ele sorriu.

- Prazer Ashley-que-deixou-um-estranho-entrar-mesmo-sem-saber-se-ele-é-perigoso.

Eu ri.

- Prazer Miles-que-tenho-certeza-que-não-é-perigoso-por-isso-deixei-entrar.

Ele riu também. E ficamos em silêncio por um tempo. A chuva lá fora caía cada vez mais forte e até eu já estava ficando com frio. Frio na verdade não era a palavra ideal, eu estava mesmo era congelando. Pedi que Miles sentasse em uma cadeira enquanto eu pegava um casaco pra mim e ele sentou.

Não sei o porquê, mas eu estava estranhamente nervosa. Não um nervosismo doentio do tipo que ficamos quando vamos receber um resultado de uma prova importante, mas um nervosismo bom, tipo quando estamos numa montanha-russa ou algo do tipo.

- Então, Miles. Qual o seu sobrenome?

- Grace. Miles Grace.

- Seu sobrenome é uma graça.

- Rárá. Muito bom.*

Rimos e começamos a entrar naquele silêncio estranho novamente. Odiava ficar em silêncio. Sempre é constrangedor. Sempre.

- Então... Eu vou pegar chocolate quente pra mim. Você quer?

Ele esfregou as mãos e olhou pro chão. A timidez dele me fazia querer abraçá-lo e só por um momento, parei de pensar em Kyle.

- Se não for incomodar.

- Não, com certeza não vai.

Ele sorriu em agradecimento e eu sorri também, entrando na cozinha, pegando dois copos e colocando o líquido fumegante neles dois. Voltei para a sala e vi que Miles tinha se levantado. Ele estava observando uma foto. A minha e a de Kyle.

Droga, droga, droga!

- É seu namorado? - Ele perguntou, pegando o copo de minhas mãos.

- Era.

- Ah. - Ele disse, ficando ligeiramente vermelho. - Desculpe, eu não sabia que...

- Tudo bem. - Eu disse, pegando a fotografia e olhando-a. - Eu não sei porque ainda guardo essa foto.

- O que aconteceu?

Sentei no sofá ainda olhando pra foto. Sorri lembrando dos bons momentos. Aliás, só agora descobri, que esses bons momentos nãos tinham sido nossos eles tinham sido só meus. Não tinha sido correspondido como pensei. Era tudo farsa.

- Eu o tratei bem demais pra depois perceber que ele nem sequer cogitava a ideia de realmente me valorizar. Resumindo : Pra mim, ele era o plano A. Pra ele, eu era o plano B.

Ele assentiu e olhou pro chão.

- Minha vida amorosa também não é das melhores, se isso te serve de consolo. - Ele disse, olhando pras rosas molhadas que ele havia deixado em cima da mesa.

- O que aconteceu? - Imitei-o.

- Longa estória.

Olhei pra chuva forte que ainda caía lá fora e olhei pra ele. Os olhos verdes tão bonitos pareciam carregar alguma coisa forte. Uma expressão de tristeza. Era isso. E por mais que eu não o conhecesse tão bem, fiquei com uma vontade enorme de desvendar seus segredos e saber o que realmente tinha acontecido e quem tinha partido o coração de alguém que parecia ser tão legal.

- Estou disposta a ouvir. - Disse.

Ele sorriu e ergueu o copo seco que antes estava cheio de chocolate quente.

- Só se tiver mais chocolate quente.

Sorri.




* Grace significa graça em Inglês.

[ Especial de Natal ] O elevador

Natal é e sempre foi minha data favorita. Todos felizes, compartilhando de um sentimento muito bom e agradecendo a Deus por tudo. Aquele dia não seria diferente dos outros e já começou bem. Decidi que acordaria cedinho e começar a preparar a ceia, aliás chamei toda a minha família pra cá.

Desde que eu me formei, tento cozinhar e sempre acaba sendo uma catástrofe, mas nesse natal prometi que iria fazer a melhor ceia de todas e chamei todo mundo. Só espero que não aconteça mais uma catástrofe como as que já aconteceram.

O sol estava batendo em minha janela e já eram mais ou menos 8 da manhã, mas a minha preguiça e minha vontade de ficar na cama o dia todo eram enormes. Eu trabalhava para um jornal e ontem foi dia de escrever muito. Textos sobre o natal, fotos para editar e tudo o mais. Resumindo : Eu estava acabada. E mesmo que tudo que eu quisesse fosse ficar na cama, lembrei de minha decisão e acordei para preparar tudo.

Fiz minha higiene matinal e desci, olhando o celular para ver se tinha alguma mensagem ou alguma chamada perdida mas com certeza todos estavam bastante ocupados pois meus celular estava exatamente da mesma maneira que a última vez que o vi.

Peguei as chaves do apartamento e me dirigi ao elevador. Iria a um supermercado para comprar algumas coisas que estavam faltando. Abri a porta do elevador com um sorriso no rosto, com vontade de espalhar a alegria do natal para todos, mas a pessoa que vi fez com que eu fechasse a cara logo que entrei.

- Ora ora se não é Hayley Smith.

Revirei os olhos e entrei. Era só Matt Harris, o idiota do meu vizinho. Éramos amigos no passado, mas ele me machucou muito e alguns machucados não cicatrizam.

- Não vai me desejar um " Feliz Natal " , Hay?

Olhei fixamente pra frente e fingi que não o escutei. Aquele idiota não merecia nada, só meu silêncio.

- Então não vai mesmo falar nada?

A minha vontade era despejar tudo que ele já tinha feito comigo. Tudo. Mas felizmente, o elevador apitou e saí porta afora.

Fui rapidamente ao supermercado e comprei tudo que precisava. Voltei correndo para que desse tempo de colocar tudo no forno antes do meio dia e dei de cara com Matt no elevador novamente. Isso só podia ser brincadeira.

- Tá me seguindo, Hay?

Revirei os olhos e entrei suspirando. Ele também entrou e ficamos em silêncio por um tempo. Eu odiava elevadores. Isso era fato. Por isso, já ficava nervosa do nada. Estávamos calados, e senti que ele ia falar alguma coisa, mas quando o fez, o elevador começou a balançar e as luzes se apagaram. Gritei e caí sentada no chão.

- Hayley? Hayley você tá bem? - Matt perguntou.

Eu não conseguia responder. Chorava copiosamente e tremia.

- Hay! - Ele disse, gritando e tateando ao meu redor. Senti sua mão tocar a minha e pela primeira vez agradeci por estar escuro e ele não ver que eu tinha corado. - Lembra daquela vez que ficamos presos? Lembra, Hay?

Eu apenas apertei sua mão. Incapaz de dizer uma única palavra. Odiava elevadores, desde que ficamos presos em um, quando estávamos no Ensino Médio.

- Você confia em mim?

Eu queria dizer que não. Negar com todas as minhas forças mas apesar dos machucados eu o amei muito, aliás ainda amo. Alguns amores, mesmo que adormecidos, não são esquecidos totalmente.

Apertei sua mão novamente e ele sorriu.

- Então vem cá. Vai ficar tudo bem.

Ele me pegou em seus braços e começou a afagar meus cabelos. Fechei os olhos tentando ignorar aquela situação. A verdade é que a minha saudade pelos carinhos dele falou mais alto e eu o abracei fortemente.

- Eu senti muito sua falta. - Ele disse, ainda afagando meus cabelos. - Eu ia dizer pra você. Ia dizer que tinha ganhado o intercâmbio e que ia estudar fora mas eu sabia que você ia sofrer e que uma despedida doiria muito mais. Eu tentei evitar sua dor sabe? Por isso resolvi me separar de você aos poucos. Primeiro não atendi seus telefonemas, não respondi suas mensagens e acredite aquilo doeu muito.

Respirei fundo e tentei assimilar aquilo tudo. Fechei os olhos com força e deixei que finalmente algumas palavras saíssem de minha boca.

- Pois você estava errado. Eu senti tanto a sua falta. Dos seus abraços, dos seus beijos, da sua presença. Eu senti falta de você comigo, dos seus carinhos e da sua mania de falar gírias o tempo todo. Senti falta dos telefonemas e das mensagens e pensei que tinha me esquecido, que tinha esquecido do nosso amor.

- Eu sinto muito por tudo.

- Eu também.

As luzes por fim se acenderam e eu corei. Ainda estávamos abraçados e ele me abraçou mais ainda, com medo de que eu fugisse. Mal sabia ele que aquele era o único lugar onde eu queria estar.

[ Especial de Natal ] A magia do Natal.

Natal é realmente uma data fantástica. Amigos, família, tudo maravilhoso... A menos que você esteja presa em um ônibus por conta de um engarrafamento gigantesco. Além disso, o ônibus está simplesmente lotado. Seguro o pacote com algumas coisas que comprei para a ceia de natal contra o corpo e espero que nada caia.

Respiro fundo e vejo que uma pessoa se levanta e deixa o assento ao meu lado. Rapidamente, um homem senta do meu lado, segurando um pacote igualzinho ao meu.

Olho de relance pra ele e reviro os olhos, percebendo que o rapaz que está ao meu lado é simplesmente o cara que mais odeio. Patrick Johnson, meu vizinho de apartamento.

- Hey Kat! Não tinha visto você aí. - Ele diz, sorrindo.

Reviro os olhos mais uma vez.

- Poderia me chamar de invisível. Seria melhor que isso.

Ele começa a rir e finalmente o ônibus anda mais um pouco.

- Escuta, onde vai passar o natal?

- Não interessa, cara.

- Pra mim, interessa.

- Há alguns segundos atrás você me chamou de invisível.

- Não, você que disse isso. Eu só disse que não tinha te visto aí.

- Dá no mesmo. - Dei de ombros.

Ele começa a olhar para frente, me deixando sozinha com meus pensamentos. Era bom aproveitar o silêncio, mas ás vezes precisamos de palavras mesmo que elas não venham como queremos.

- Olha, eu não sei o porquê desse seu ódio, mas...

- Não lembra então? - Disse, olhando fixamente pra ele.

Ele coçou a nuca e confirmou.

- Lembro. E sinto muito mas...

- Preferiu os populares do que a mim.

- Não foi isso, eu só...

- Tudo bem. - Disse, dando de ombros e virando pra frente novamente. A verdade é que aquilo ia acabar não levando a nada, assim como todas as conversas que tivemos depois da rejeição dele.

Aconteceu no Ensino Médio. Éramos ligados demais e por vezes eu achava que éramos um só sabe? Gostos parecidos, frases feitas, gestos só nossos e tudo mais mas aí ele simplesmente se afastou depois de arranjar uma namorada qualquer e mudar totalmente. Depois disso, entrei na Faculdade e quando me mudei, qual não foi minha surpresa ao perceber que ele seria meu vizinho. Desde que me viu, ele tenta resgatar nossa amizade, mas eu simplesmente não quero voltar atrás. Não é orgulho, é só receio de dar errado como deu da primeira vez. Receio de ser passada pra trás novamente, de quebrar o coração mais uma vez.

- Eu quero deixar claro que não esqueci você. Eu era imaturo demais, idiota demais pra perceber o quanto você estava sofrendo. No fim das contas, o que mais sofreu fui eu. Com um grande pé na bunda e sem o colo da minha melhor amiga.

Virei para olhá-lo e o ônibus deu uma guinada, fazendo com que eu fosse para a frente e ficássemos cara a cara. Meu coração começou a bater e a vontade de abraçá-lo era tão grande que não suportei e o fiz.

Vários anos longe e agora tão perto. Talvez o natal fosse pra isso mesmo. A magia nos contagia e nos leva a lugares que nunca imaginaríamos estar e é isso que faz essa data tão especial. A surpresa.

{ Especial de Natal - Informativo }

Heeeeey lindos e lindas que acompanham meu blog! Aqui é a Nai que vos fala ( avá! ). Enfim, estou contagiada pelo espírito do Natal. Sempre amei essa data e sua magia por isso, achei bastante digno quando meu querido irmão ( Não é que ele me deu uma ideia maravilhosa? Valeu, chato <3 ) me deu essa ideia de fazer um Especial de Natal. Esse Especial consiste no seguinte : Nessa semana toda, irei postar um conto de Natal escrito por mim, como todos os outros textos ( Será que hoje eu só estou falando o óbvio? ¬¬' ). Enfim, cada dia da semana, vai haver um texto com essa temática natalina que eu tanto amo. Espero que vocês também gostem e se inspirem nessa época tão maravilhosa.


Feliz Natal, aproveitem os textos!


                                                                                                                                  Nai.

Okay? Okay.

Algumas coisas são colocadas em nossas vidas para que possamos ver o quão errados estamos. Há alguns meses eu comecei a ler A Culpa é das Estrelas, livro escrito por John Green, que conta a estória de um casal portador de uma doença terminal. No começo não gostei, afinal não gosto de chorar em livros e muito menos de me entristecer com algumas estórias, afinal pra mim ler é uma espécie de prazer. Se eu chorasse, com certeza o conceito de prazer não seria mais válido.

Por isso, algumas semanas depois de ter começado, parei. Achei que a estória já estava triste demais pro meu gosto e eu não deveria mais me deixar levar por certas palavras que me deixariam tristes depois do término do livro. Comecei a emprestá-lo para algumas amigas minhas e elas disseram que gostaram, que eu devia terminá-lo e que o livro me daria uma grande lição. Continuei não acreditando. Até que em uma manhã meio tediosa, percebi o livro em cima da minha escrivaninha. A capa dele sempre me chamou a atenção, desde que o vi na livraria no dia da compra. Peguei-o em minhas mãos e pensei " Por que não lê-lo agora? ".

Comecei a ler, enquanto ia pro colégio e não parei até terminar. Não chorei mas me emocionei profundamente com a delicadeza dele e a maneira tão verídica com que ele usa as palavras. Gus e Hazel com certeza me mostraram que devemos aproveitar o máximo que temos, mesmo que seja pouco. Não devemos reclamar nunca pois não sabemos o que uma outra pessoa pode estar passando. E, principalmente, dar valor aos que realmente querem o nosso bem.

No fim de tudo, amei o livro e agora é um dos meus preferidos, não porque se tornou um modinha que todos gostam, mas porque me fez ver que nossos problemas se tornam insignificantes quando vemos que nesse exato momento, várias pessoas podem estar sofrendo muito mais.

Cicatrizes

Alguns acontecimentos deixam marcas em nós. Seja uma perda, uma decepção, um coração partido. Todos deixam rastros que só são curados se quisermos. E é aí que entram as cicatrizes. Aquele momento em que você finalmente acha que tudo passou, que tudo foi embora mas não sabe o quão errado está.

Eu costumo dizer que cicatriz é uma coisa complicada pois nem sempre dá certo. Por exemplo, digamos que uma pessoa te magoa. Você jura esquecer a pessoa, faz planos e mais planos pra acabar de vez com o sofrimento e, de fato, depois de um tempo aquela música que lembrava ele não te faz mais chorar, aquelas roupas que ele usava você jogou, aquelas cartas você guardou no fundo de uma gaveta e você diz estar bem até demais. Mas quando ele volta... Ah, quando ele volta, uma avalanche de sentimentos volta com ele. De repente você se pega pensando no Talvez.

" Talvez estaríamos juntos hoje. " , " Talvez eu estivesse realmente errada "

Talvez, Talvez, Talvez...

Daí você lembra do machucado, que antes achava que tinha cicatrizado. A verdade é que esse tipo de machucado não cicatriza, só disfarça. Quando você pensa que esqueceu, na verdade tem muita vontade de lembrar. Quando você diz que enfim tudo terminou, você queria que ainda estivesse começando. São cicatrizes falsas. São ilusões... Se você realmente amou uma pessoa, pode ter certeza que não vai esquecê-la. Se o fizer, o amor era tudo, menos verdadeiro.

Decepções. ( Conto )

7 horas da noite. Estou pronta para o meu encontro mais esperado. O cara é o mais lindo da empresa e há tempos quero sair com ele. Me sinto apaixonada e nem o conheço direito. O convite aconteceu há uns dias atrás, quando fomos para a máquina de café juntos e ele perguntou se eu teria que fazer algo no fim de semana. Neguei prontamente e ele perguntou se eu não queria ir ao cinema. Na hora aceitei, e me xinguei depois por ter dito "Sim" não rápida e alegremente. Ouvi batidas na porta e corri para atender, já pronta mas quando vi no olho mágico percebi que era o idiota do meu melhor amigo que estava na porta sorrindo e pedindo para eu abrir.

- Boa noite, senhorita? - Perguntou, com o típico sorriso lindo nos lábios.

- Boa noite, Matt, meu amor mas preciso ir e você sabe disso.

- Katy, olha eu tenho que te dizer uma coisa.

- Diga. - Disse, com as mãos na cintura, fingindo uma expressão severa.

- É que... - Ele começou a dizer, mas eu o interrompi.

- Não diga nada. - Disse, olhando no relógio. - Já está tarde. Vou indo pro cinema.

- Mas...

- Amanhã a gente se fala, Matt.

- Mas amanhã não...

- Esquece então. - Fechei a porta e saí, deixando Matt sozinho na porta do apartamento.

***

Atravessei a rua que dava para o cinema e entrei. O ar gélido do ambiente me fazia ter calafrios, mas eu estava bem. Olhei ao redor do local, esperando ver o rosto perfeito que há tempos aparecia em meus sonhos mas não encontrei.

Passei uns tempos olhando e nada. As pessoas me viam e olhavam pra mim, resolvi olhar para o lado oposto para disfarçar o meu embaraço.

***

Depois de quase 3 horas esperando, desisti. Lágrimas brotavam de meus olhos mesmo que eu não quisesse e foi quando o vi, com seus dois melhores amigos idiotas.

- Viu só galera? Eu disse que ela ia vir. Eu sabia que ela babava por mim.

Os outros dois batiam nas costas dele, o parabenizando como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo. As lágrimas agora caíam livremente, me deixando estática e sem saber o que fazer.

- Desculpe, lindinha mas tive que fazer isso pra provar minha incrível capacidade pra eles. - Ele disse, tocando meu rosto. Bati na mão dele e depois dei um tapa em seu rosto.

- Nunca mais toque em mim.

Ele pegou no rosto que certamente estava doendo e eu corri pra casa o mais rápido que pude.

***

Matt ainda estava em meu apartamento. Ele tinha a chave e vinha de vez em quando. Quando me viu, ele sorriu tentando fazer com que eu fizesse o mesmo mas eu fiz o contrário, desatei a chorar. Ele me deu um abraço e me apertou fortemente. Meus soluços eram abafados enquanto ele afagava meus cabelos.

- Eu ia te dizer, Kat. Eu ia. Mas você não quis me ouvir.

Então era isso. Ele sabia e queria me contar naquela hora mas eu fui burra o suficiente pra não querer ouvir.

- Me desculpe. Por favor.

Ele deu de ombros e me abraçou novamente.

- Ele queria provar pros amigos que tinha poder sobre você.

- Por que? - Perguntei, limpando as lágrimas que ainda desciam.

- Porque você é a mais linda da empresa,sua idiota. E os amigos dele não acreditaram quando ele disse que conseguiria sair com você.

-Eu pensei que o conhecia, sabe, pensei que tinha alguma informações sobre ele e...

Ele me abraçou novamente, fazendo com que eu calasse a boca e pronunciou uma frase que eu nunca esqueci até hoje.

- Pensamos que conhecemos as pessoas. Mas o que conhecemos, na verdade, é a face que a pessoa usou para nos conquistar.

Trabalho em Dupla ( Conto - Parte 2 )

Após falar com ele, relutante, decidimos que iríamos fazer o trabalho em sua casa. Tomei um banho e coloquei uma roupa simples, me dirigindo à casa que visitei por tantos anos e que conheci tão bem, mas que agora não passava de uma novidade.

Ele veio abrir a porta. Os cabelos molhados e o mesmo cheio de hortelã que me fazia querer abraçá-lo constantemente. Balancei a cabeça para expulsar esses pensamentos aleatórios e entrei na casa, notando uma enorme diferença. A casa, que antes era bastante alegre estava mais vazia. Vários móveis tinham sido retirados, a pequena Claire, irmã de Peter correu para me abraçar. Eu costumava passar tempos brincando com ela quando vinha pra cá.

- Minha pequena, como está?

- Muito bem, Nattie. E você?

- Se você está bem, também estou.

Ela riu e me abraçou de novo. Peguei-a no colo e Peter sorriu.

- Por que não veio mais aqui? - Ela perguntou, com os olhos meio marejados. Aquilo apertou meu coração. Tive vontade de dizer que era tudo culpa de Peter, mas resolvi mentir.

- Não tive mais tempo, meu amor. A escola está me matando.

Ela me abraçou de novo.

- Então comece a vir de novo.

Olhei para Peter que olhava pro chão, meio desconfortável e eu tinha de admitir que sentia o mesmo.

- Olha, querida, vou pensar ok? - Disse, beijando sua bochecha. - Agora tenho um trabalho pra terminar com seu irmão chato aqui.

- Quer dizer o Bob?

Meus olhos se dirigiram à Peter, assustada e ele se assustou também. Quando éramos melhores, eu o chamava de Bob pois sua risada me lembrava a do Bob Esponja. Sorri com a lembrança, meio perdida.

- Sim, o Bob.

Ela sorriu e subimos para o quarto dele. Eu estava bastante tensa afinal fazia tempos que não frequentava o quarto dele. Sentei na escrivaninha e logo me assustei com a foto que vi. Éramos nós dois, pequenos sorrindo. Eu tinha essa foto, guardada em um canto da gaveta, mas ele tinha ali em um porta-retrato na escrivaninha. Olhei-o com raiva e desviei para o livro de História a minha frente.

- Colocou isso aqui hoje? - Disse, friamente.

- Tenho essa foto desde que éramos melhores amigos. Ainda guardo aqui, pra relembrar os momentos bons que eu passei ao seu lado.

Estremeci e continuei a olhar o livro de História.

- Não acho que foram momentos bons já que você não hesitou em me expulsar da sua vida tão rapidamente.

Olhei pra ele e ele virou o rosto.

- Tive problemas, Natalie.

- Problemas que não podem ser discutidos nem com a melhor amiga?

Ele negou.

- Eu tive vergonha.

- De que?

- De te perder.

- Acabou me perdendo de qualquer jeito.

- Exatamente e me arrependo disso todos os dias.

Ele olhou pra mim, seus olhos brilharam quando se encontraram com os meus e eu estava maio paralisada. A verdade é que eu sentia a falta dele tão fortemente que chegava a ser uma angústia ter que vê-lo todos os dias sem ao menos dar Bom dia.

- Meus pais... Meu pai sempre está bêbado, desde a perda do emprego milionário. Ficamos sem dinheiro, ele não presta pra nada e minha mãe chora o tempo todo. Eu estou cuidando da Claire no comecinho da manhã, por isso sempre chego atrasado.

Meus olhos marejaram e eu apertei suas mãos nas minhas. Não resisti e abracei-o fortemente, fazendo com que ele chorasse copiosamente.

- Eu nunca esqueci você. Nunca. Me desculpa, mas tive vergonha de tudo.

- Eu nunca deixaria você por isso. - Disse, já chorando também.

E ficamos assim, abraçados por um bom tempo. Depois, resolvi recuperar o tempo perdido. Jogamos video-games como nos velhos tempos e fizemos tudo que nã fazíamos há quase dois anos. Quando fui embora, Claire me abraçou novamente.

- E aí? Vai continuar vindo aqui? - Ela disse, e coloquei-a no colo.

- Não se preocupe, pequena. Não vão faltar motivos para eu vir aqui. - Olhei para Peter e ele sorriu. - Pelo menos, não mais.

Trabalho em Dupla ( Conto - Parte 1 )

Dia típico na escola. Pessoas cochichando e falando abobrinha e professores desesperados. Como de costume, nossa professora de História se atrasou por uns 10 minutos e chegou toda afobada dizendo que tinha tido problemas no trânsito. Tadinha. Mal sabia ela que todos os alunos sabiam que ela estava passando por um divórcio bem complicado, e que na verdade, aqueles minutinhos no "trânsito", eram gastos com consultas a escritória de advocacia.

Depois do teatrinho dela, ela disse com uma animação falsa que teríamos trabalho em dupla. Todos reviramos os olhos. Todo mês, ela passava um trabalho em dupla para tratarmos de assuntos recentes que foram vistos em sala. Até aí tudo bem, o problema é que ela sempre sorteava as duplas então nunca fazíamos com quem realmente gostaríamos de fazer.

Ela começou o sorteio e fiquei rezando para que eu ficasse com alguém que eu pelo menos suportasse. E a surpresa caiu como um baque.

- Natalie e Peter.

Fechei os olhos bem forte e xinguei a professora mentalmente várias vezes. Quando abri os olhos, vi um sorriso malicioso nos lábios de Peter. Revirei os olhos e olhei pra frente. Peter era o bad boy mais idiota do mundo. Com seus 1,80 metro de altura, olhos castanhos marcantes e um corpo que todo ccara quer ter, ele fazia as garotas ficarem a seus pés.

Eu o odiava, com todas as minhas forças, mas não era só por causa do jeito dele. Tinha um motivo maior. Peter e eu éramos melhores amigos desde criança. Fazíamos tudo juntos e eu não conseguia me imaginar sem ele. Até que ele simplesmente parou de falar comigo. De uma vez, assim sem motivo aparente. Passei vários anos amargando seu abandono e finalmente tinha conseguido me livrar dele.

E agora, a professora idiota resolvia simplesmente nos colocar em um trabalho juntos. Resolvi me acalmar e usar todo meu poder de persuasão para tentar fazer com que a professora esquecesse esse lance de parceria.

No final da aula, suspirei e me dirigi à cadeira da professora, que parecia estar bastante compenetrada com seus papeis. Pigarreei para chamar atenção e ela sorriu.

- Sim, Srta. White?

- Já disse como a senhora está radiante hoje?

Ela sorriu, em agradecimento.

- Não vou mudar a dupla, Srta White.

- Mas...

- Nada de mais. Espero que faça um ótimo trabalho com Peter. Tenha um bom dia.

Bufei e olhei para a sala para ver se alguém tinha visto meu momento desastroso. Por ironia, o único ser que vi foi o atraente de 1,80m.



( Nota da Blogueira : SE QUISEREM A PARTE DOIS, COMENTEM ^^ )

Sorrisos falsos e a eterna vontade de parecer forte. ( Conto )


Céu azul e o sol a pino. Como todo mês fazíamos aquele piquenique, mesmo que o mês não estivesse tão bom, tínhamos que continuar a tradição. Estendemos a toalha e colocamos as coisas nela. Meu melhor amigo sentou primeiro e esperou que eu fizesse o mesmo. Pus os fones de ouvido e sentei. Radioactive alto nos meus ouvidos e eu esperava esquecer um pouco dos problemas que me cercavam. Com um estágio complicado, e um chefe que me odiava. Além disso, minha vida amorosa ia de mal a pior.
Meu melhor amigo também não estava bem. Sua namorada terminou com ele há alguns dias. Apesar de ter esse jeito durão e um sorriso pregado no rosto todos os dias, eu o conhecia suficientemente bem para saber que ele não estava em seus melhores dias. Suspirei pensando nisso e tirei os fones de ouvido, disposta a dar atenção e apoio à ele.
Assim que me viu tirar os fones ele quebrou o silêncio.
- E o emprego? Como vai
Bufei.
- Você sabe. Meu chafe me odeia, eu ganho pouco dinheiro. Mas é um estágio. Talvez melhore no futuro.
- Odeio essa palavra.
Franzi a testa, confusa.
- Futuro?
- Talvez.
- Hm. Não é uma das melhores palavras realmente.
Ele deu de ombros e olhou para o horizonte a nossa frente.
- Penso nela às vezes. Talvez. Em todas as vezes que penso odeio. Sempre a relaciono aos meus relacionamentos. Talvez eu ainda estivesse com ela. Talvez teríamos dado certo. Talvez, Talvez, Talvez... - Ele disse, meio irritado.
- Entendo. Só não entendo uma coisa.
- O que?
- Porque não admitiu que estava sofrendo.
Seu rosto adquiriu uma expressão severa e um sorriso falso brotou de seus lábios.
- Eu estou bem.
- Não minta. Não pra mim.
Ele revirou os olhos e olhou pra frente.
- Gosto de parecer forte. Aliás, você já tem seus problemas.
- Isso não me impede de te ajudar.
Ele deitou a cabeça em meu colo e eu comecei a mexer em seus cabelos, assim como fazíamos quando pequenos.
- Por que ele não te escolheu?
- Quem?
- Meu coração. Por que ele não escolheu você pra se apaixonar?
Eu ri.
- Geralmente ele não escolhe as pessoas certas.
 

Manual de Sobrevivência : Como não se apaixonar.

Se apaixonar, na maioria das vezes é perigoso, das duas uma : ou você sai com coração partido ou parte o coração de alguém. Se você não quer cair nas garras do amor, leia essas instruções :

1º - Não olhe nos olhos.

Na maioria das vezes, quando olhamos nos olhos, acabamos nos encantando. Olhe para todas as direções, menos pros olhos.

2º - Evite contato.

Nada de Face, e conversinhas no Wpp. Pesquisas indicam que, mensagens têm um grande poder sobre as pessoas. Você não vai querer cair de amores ao receber uma mensagem no meio da noite, vai?

3º - Vista sua armadura contra elogios.

Elogios são um perigo. Por isso, quando ouvir um, sorria e finja que não ouviu. Talvez isso dê certo...

4º e última dica : Esqueça tudo.

Esqueça tudo isso, amiga(o) que está lendo, não adiantam dicas, nem pedir a estrelas cadentes e esperar não se apaixonar. Se o seu coração bater mais rápido, vai acontecer. E, com relação aos corações partidos, quem nunca teve um que atire a primeira pedra...

Nosso terrível talvez ( Conto )

Estava levando umas caixas para a casa nova. Era dia de mudança e isso nunca era bom. Porém, naquele dia eu tinha achado uma coisa interessante. Eram cartas dele. Apesar do que tinha acontecido, eu sorri e lembrei do dia em que o revi.

Era um dia claro. As pessoas iam e vinham, apressadas e as batidas dos pés no chão pareciam ritmadas. Eu andava rapidamente para tentar chegar ao trabalho. Corri quando vi que o metrô tinha acabado de sair e xinguei baixinho, quando vi que não estava sozinha.

Um rapaz estava ao meu lado. Olhei pra ele, mas logo desviei. Era sempre assim, eu nunca conseguia segurar um olhar por muito tempo. Peguei o copo de café que estava em minhas mãos e levei o conteúdo garganta abaixo. Ele desceu quente, o que me fez ficar um pouco mais calma.

O rapaz continuava a me olhar e eu resolvi olhar também. Quando o vi, quase derramei o café todo no chão. Os mesmos olhos azuis, o mesmo cabelo bagunçado. Era ele, só podia ser.

- Eu sabia que era você. - Ele disse, rindo pra mim.

- Como sabia?

- Nenhuma garota toma um copo de café desse tamanho, se não for você.

- Você voltou, por que não me disse nada?

- Pensei que tivesse esquecido de mim... Pensei que tivesse esquecido da gente.

Ele tinha sido o primeiro amor de muitos. Depois dele, minha vida amorosa tinha sido um verdadeiro desastre, com direito a manobras perigosas e centenas de pedaços arrancados do meu coração. Mas a verdade é que eu já tinha me machucado tanto, que não queria mais isso pra mim. Na melhor parte de tudo, ele foi embora e me deixou sozinha, sem explicação e agora volta e quer tudo de novo? Simplesmente não há volta para algumas situações.

- Na verdade, esqueci. - Respondi, olhando fundo para ele.

- Pois eu não parei de pensar em você.

- Poupe-me de suas palavras, por favor. - Disse, com as mãos tremendo, e as lágrimas ameaçavam jorrar de meus olhos. - Você não avisou que ia embora... E depois,você ignorou tudo. Mensagens, e-mails, cartas, telefonemas...

- Eu não podia iludir você enquanto estava longe. A distância nos muda. Você sabe disso.

- Ela nunca me mudou. - Disse, limpando as lágrimas insistentes.

Nessa hora, o meu transporte chegou. Subi e sentei em uma das cadeiras da frente. Ele ficou lá, parado com a cabeça baixa. Talvez estivesse pensando no que poderia ter sido. E eu também pensava nisso. A única diferença é que eu pensava nisso todos os dias. Ele, com certeza só tinha lembrado naquele momento. Ás vezes, deixamos a felicidade passar por nossos olhos e não a percebemos. E eu sempre pensei nisso. Se eu usasse uma palavra pra nos definir com certeza seria Talvez. Talvez tudo tivesse dado certo, talvez estivéssemos feliz agora, talvez...

Hoje, eu não sei onde ele está. Se está casado, bem ou se ainda vive pensando no nosso talvez. Nosso terrível talvez.

Deixa a verdade pra depois.

Sentir a sua falta não era mais do que uma consequência do ocorrido. Você me iludiu de todas as formas possíveis e depois me chutou, como se eu não valesse a pena, como se tudo aquilo tivesse sido uma brincadeirinha de criança.

Suas atitudes e seus gestos bonitos não passaram de fachada, talvez eu estivesse cega demais e me arrependo disso tudo.

Agora, não sei o que faço. Se choro por ter te perdido ou agradeço por você ter ido embora. Talvez aquelas lembranças não valham a pena e você, muito menos. Planos agora, já eram. Vou viver minha vida e esquecer você.

Mas nesse momento, preciso da sua presença. Só agora. Depois você vai embora, finge que nunca me viu, que foi tudo passageiro. Mas agora, preciso de ti. Com aquelas mentiras doces em que você me fez acreditar. Com esse seu sorriso idiota que me fez acreditar que fosse verdade. Preciso das suas mentiras, agora.

Depois eu lido com a verdade. Agora não.




( Nota da Blogueira : Isso é um trecho de um livro que estou pensando em escrever. Se gostaram, me perguntem sobre ele que eu explico tudo ^^ )

Príncipes encantados, cavalos brancos e blá blá blá.

É engraçado como a vida tem um jeito legal de mudar as coisas. Eu podia imaginar que minha vida continuaria rotineira e monótona e não passaria disso. Os mesmos sorrisos, as mesma pessoas, as mesma desculpas para não sair e ouvir as pessoas dizerem o quão feliz estavam com seus companheiros, enquanto os meus únicos companheiros eram um pote de sorvete grande de flocos e uma noite solitária de sábado, mas como eu disse, a vida tem um jeito de mudar as coisas. Eu não imaginava que um simples novo cara pudesse vir a mudar minha vida completamente e dar um giro de 360º nela. E eu também não imaginava que ele fosse do jeito que fosse. Mas é assim mesmo. Fazemos planos, montamos o " Cara Perfeito " em nossa mente e esperamos ele chegar, daí a vida te dá um cara exatamente o oposto daquele que você criou e você gosta, acaba caindo nas garras do amor. É contraditório, e é errado mas é um erro perfeito. O erro que você sempre quis que acontecesse, mas nunca pensou que pudesse realmente acontecer.

Alguns erros são tão perfeitos que nos fazem crer que são acertos. E no final, eles são mesmo.

Caras perfeitos talvez não existem, nem aqueles príncipes perfeitos, nem caras que não pisam na bola. Mas sempre vai ter aquele que vai sorrir pra você, que vai saber de cor suas preferências, que vai querer te agradar e que vai estar ali sempre que você precisar. Quando este aparecer, por favor não vacile, não deixa a felicidade escorrer de suas mãos. Agarre-a. Seja feliz.

Esqueça estereótipos e maneiras calculadas de se achar um cara legal porque no final nada serve. Uma hora ou outra, o seu cara vai chegar. E quem liga se ele é um príncipe ou não? Se ele te amar, não precisa de um lugar na realeza e um cavalo branco não é mesmo?






 

 
 
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